Nem sempre foi assim. Até a modernização dos processos fotográficos e da impressão de offset, no que diz respeito ao design e a ilustração mais especificamente, os processos de impressão eram grandes limitadores do processo criativo e até mesmo do estilo, como veremos a seguir.
A Primeira “Publicação” ilustrada
Pode-se afirmar que a primeira publicação ilustrada da historia foi o Rev Nu Pert Em Hru (Capítulos do Sair à Luz ou Fórmulas para Voltar à Luz), popularmente conhecido como O Livro dos Mortos, que é uma compilação de ritos, feitiços procedimentos a serem realizados ao se entrar no pós-vida. Esses conhecimentos, em sua origem, eram pintados nas paredes de tumbas e posteriormente nos caixões ou sarcófagos e somente a partir da sua primeira versão em papiro, datada de aproximadamente 1300 a.C., é que as classes menos abastadas - sem recursos para caixão, sarcófago, quem dirá cripta, - puderam usufruir de informação e orientação “post mortem”. Qualquer pessoa poderia encomendar seu exemplar, determinando quais capítulos seriam inseridos, quantidade e qualidade de ilustrações, bem como metragem e altura do papiro (variando de 5 à 27 metros de comprimento e de 30 a 45 centímetros de altura).
Os Livros dos Mortos mais antigos eram projetados pelos escribas. Se o exemplar devesse ser ilustrado, eram deixados espaços em meio aos textos, os quais seriam preenchidos posteriormente pelo artista. As ilustrações gradativamente ganharam importância e dominaram o projeto gráfico do Livro dos Mortos. O artista desenharia primeiro todas as cenas deixando espaços para que o escriba as completasse. Não eram raros os casos que o espaço reservado aos textos era menor que o necessário e o escriba via-se obrigado a improvisar escrevendo nas margens do layout.
Os Manuscritos Iluminados e o termo “ilustrador”
Pouco sobrou dos rolos ilustrados da antiguidade clássica grega e romana, Devido à catastrófica destruição da biblioteca de Alexandria, mas os fragmentos remanescentes revelam ilustrações seqüenciais muito parecidas com as histórias em quadrinhos modernas.
A morte de Laocoon - Trecho do manuscrito remanescente mais antigo da era clássica e inicio da era cristã: O Virgílio do Vaticano - Ano 500 aprox.
O Livro de Durrow – ano 680. Padrões entrelaçados e espirais comuns nas iluminuras Celtas.
Os evangelhos de Lindsfarne – ano 698. Design simétrico e rebuscado tipicamente Celta com fitas e pássaros entrelaçados ao redor de uma cruz.
Expressionismo Pictórico Espanhol – ano 1407 - ilustração do Livro das Revelações.
Os escritos sagrados tinham grande significado para cristãos, judeus e muçulmanos e o uso do enriquecimento visual da palavra se tornou extremamente importante. As duas principais vertentes do que diz respeito à ilustração dos manuscritos, era a ocidental/européia, resultado da rica combinação resultante de influencias bárbaras e clássico-romanas, e a oriental dos paises islâmicos.
Manuscrito de Qur’na – ano 1739 – Pérsia (acima) Padrões intricados e cores vibrantes típicos da arquitetura e tapeçaria islâmica
O Padishanhnamah – ano 1700 – India.
O Advento da impressão e a Gravura
Albrecht Durer – Os Quatro cavaleiros do Apocalipse – 1493
Litografia e Cromolitografia na Era Vitoriana
A cromolitografia caiu nas graças de editores e tipógrafos pois, além da melhora na qualidade das ilustrações, poderiam ser criados títulos e estilos tipográficos com toda a liberdade pelo artista ou ilustrador.
S.S. Fritzal e J.H. Bufford – poster para campanha presidencial – 1884
L. Prang Company – Miscelânea – 1880-1890
Krebs Lithografing Company – 1883
O Séc. XX
A cultura popular, principalmente as historias em quadrinhos, bem como a experimentação de diferentes técnicas de reprodução, também exerceu grande influencia no trabalho dos ilustradores. Essa fusão da tradição dos estilos clássicos com o experimentalismo técnico e artístico dos movimentos culturais da época, seja por imitação ou por um estudo realmente minucioso dessas referencias, contribuiu para uma crescente gama de estilos de ilustração. Selos, anúncios, historias em quadrinhos, ilustração de moda, cédulas monetárias, revistas infantis, livros técnicos, manuais diversos, são exemplos clássicos de modalidades de ilustração que são referencia visual de grande importância para o trabalho do ilustrador.
Ao mesmo tempo que a diversidade de estilos se expandia, havia os que diziam estar próximo o fim da necessidade de ilustração (!). A possibilidade da utilização da fotografia nos métodos de reprodução a cores e o fenômeno da televisão, pareciam apontar para um mundo onde a ilustração se tornaria obsoleta. Mas esses avanços, apesar do inegável e poderoso impacto sobre a sociedade, não foram suficientes para a substituir a mídia impressa e as artes gráficas. A televisão, pelo contrario, passou a empregar a ilustração para tudo, desde vinhetas de títulos até os noticiários e programas educativos, além de contribuir para a geração de diversos materiais impressos de apoio a sua programação.
A evolução desta história e o momento atual nos mostram também que, mesmo com o surgimento de tecnologias que permitam a produção quase instantânea de imagens outrora passíveis de serem produzidas apenas à mão ou por um profissional com conhecimento técnico-artístico especializado, ao designer-ilustrador, é perfeitamente possível manter seu lugar em meio à novas possibilidades e utiliza-las para enriquecer o seu trabalho.
Referências Bibliográficas:
Meggs, Philip B. A History of Graphic Design. Willey, 1998.
Zeegen, Lawrence. The Fundamentals of Illustration. AVA, 2005.
3 comentários:
Que post MARAVILHOSO!!! Parabéns!!!
Muito bom!! Adorei!
Parabéns pela busca!
Nossa nem acredito que achei esse post! Me ajudou muito na minha monografia sobre ilustração na publicidade, colocarei uma referencia do seu blog lá. Valeu!!
Postar um comentário